Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul
Por Jô Santucci / jornalista
Primeiro governador reeleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite responde a questões sobre investimentos na área de infraestrutura, cargos técnicos, privatização e a importância dos profissionais da Engenharia, Agronomia e Geociências dentro do desenvolvimento econômico do Estado. Acompanhe na entrevista a seguir.
Como o conhecimento técnico da Engenharia, Agronomia e Geociências pode contribuir para que as políticas públicas atendam às demandas da população?
Os profissionais dessas áreas trazem consigo uma série de habilidades e conhecimentos específicos que podem ser aplicados para atender as demandas da população de forma mais eficiente. No caso dos Engenheiros, por exemplo, são fundamentais no planejamento e na gestão de infraestrutura. Eles têm o conhecimento necessário para planejar, projetar e gerir a construção de infraestruturas essenciais, como estradas, pontes, sistemas de transporte público, redes de água e esgoto, entre outros. Essas habilidades são importantes para garantir o acesso da população a serviços básicos de qualidade. O mesmo vale para os profissionais de Geociências, com a capacidade de avaliar os recursos naturais disponíveis e desenvolver estratégias para seu uso sustentável, e os de Agronomia, que contribuem para o desenvolvimento de políticas agrícolas que visam aumentar a produtividade, melhorar a segurança alimentar e promover práticas sustentáveis de agricultura. Ao aproveitar esse conhecimento, os governos podem tomar decisões mais informadas e embasadas, proporcionando melhores serviços e benefícios para a população.
O Marco Legal de Saneamento prevê mecanismos para ampliar, em índices próximos a 100%, a rede de fornecimento de água potável e de coleta de esgoto pelo país até 2033. Como o senhor vê a aprovação deste projeto e quais são as ações no Rio Grande do Sul?
O Marco Legal de Saneamento é um passo importante para a melhoria do abastecimento de água potável e coleta de esgoto no Brasil. A meta de ampliar os serviços em índices próximos a 100% até 2033 é ambiciosa, porém fundamental para garantir o acesso universal a estes serviços essenciais para a população. No caso específico do Rio Grande do Sul, é importante ressaltar que as ações para implementar as metas do Marco Legal de Saneamento passam, essencialmente, pela privatização da Corsan. Para alcançar os objetivos do Marco, é necessário um investimento significativo em infraestrutura, incluindo a construção e a ampliação de redes de abastecimento de água e sistemas de coleta e tratamento de esgoto. A Corsan não tinha condições de fazer isso. Então, optamos pela privatização da Companhia e temos perspectivas muito positivas. Somente em 2023, o Consórcio Aegea deve investir R$ 1 bilhão, que é um valor muito superior ao que vinha investindo a Corsan estatal.
Como o Estado, responsável por serviços básicos oferecidos à população, como energia, água, esgoto tratado, garante a entrega destes serviços, a partir da privatização de empresas como a Corsan?
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Quando ocorre a privatização de empresas estatais, como a Corsan, o Estado deve garantir que as responsabilidades de fornecer serviços básicos à população sejam devidamente transferidas para a nova empresa operadora. Embora as abordagens possam variar, existem medidas comuns que podem ser adotadas para garantir a entrega contínua desses serviços. Nossa prioridade foi estabelecer contratos claros e regulamentações robustas que estipulem as obrigações da empresa privada em relação à prestação dos serviços. Os contratos devem definir metas de desempenho, padrões de qualidade, prazos e mecanismos de supervisão e fiscalização. O Estado mantém uma agência reguladora, a Agergs, que está sendo fortalecida, responsável por monitorar e fiscalizar a prestação dos serviços pela empresa privada. A Agência tem poderes para aplicar sanções e penalidades caso a empresa não cumpra com as obrigações contratuais. O Estado pode garantir a entrega dos serviços básicos oferecidos à população, mesmo após a privatização de empresas como a Corsan, através da definição de contratos e regulamentações sólidas, da supervisão e regulação efetivas, da proteção dos direitos dos usuários, da transferência de conhecimento e da atenção ao quadro técnico das empresas privatizadas. Essas medidas são essenciais para garantir a continuidade e a qualidade dos serviços públicos.
Quais são os principais investimentos em infraestrutura que serão realizados pelo Estado?
Por meio do Avançar, estamos realizando investimentos muito expressivos na infraestrutura do Estado. São mais de R$ 1,3 bilhão investidos nos últimos dois anos, com 3.665 quilômetros de estradas em obras. Estamos também avançando na conclusão de acessos asfálticos, e temos a meta de terminar o mandato com todos os municípios gaúchos que ainda não têm pavimentação com, pelo menos, projetos e/ou obras prontas. Programas como o Avançar sempre podem melhorar, mas também devem ser saudados por aquilo que já foram capazes de proporcionar. O Rio Grande do Sul tinha uma capacidade muito reduzida de investimentos, e os prefeitos e as prefeitas sabem disso. O que conseguimos, a partir das reformas que promovemos no Estado, também precisa ser valorizado. A partir da conclusão da privatização da Corsan, esperamos poder viabilizar mais um ciclo de investimentos em infraestrutura.
Qual é a análise do senhor com relação à agilidade na liberação dos licenciamentos ambientais para atrair mais empresas para o Estado?
Com relação à agilidade na liberação dos licenciamentos ambientais, entendo que é necessário encontrar um equilíbrio entre a proteção ambiental e a atração de investimentos para o Estado. É isso que temos feito aqui no Rio Grande do Sul. A agilidade na emissão desses licenciamentos é importante para estimular o desenvolvimento econômico e atrair novas empresas, o que resulta em benefícios sociais e geração de empregos. No entanto, é fundamental que essa agilidade não comprometa a qualidade e a eficácia dos processos de avaliação ambiental. Temos trabalhado intensamente para que os licenciamentos ambientais sejam conduzidos de forma criteriosa, considerando os impactos ambientais das atividades propostas, bem como a conformidade com as leis e regulamentações ambientais vigentes. Ao mesmo tempo, consideramos importante que os órgãos responsáveis pela emissão dos licenciamentos sejam eficientes em suas análises, evitando burocracias desnecessárias que possam atrasar investimentos importantes.
Nesse segundo mandato, como o senhor avalia a importância de preencher os cargos técnicos do seu governo com pessoas cuja formação profissional atenda às especificidades dessas áreas, em prol da qualidade e segurança dos serviços oferecidos?
Entendo que é importante que as pessoas designadas para ocupar essas posições tenham uma boa formação profissional e conhecimento para as respectivas áreas de atuação, mas também penso que as habilidades políticas são muito relevantes no contexto da administração pública. Em muitos casos, as políticas públicas exigem negociações e a construção de consenso entre diferentes partes interessadas e setores da sociedade. Os técnicos precisam ter habilidades políticas para identificar os pontos de convergência, gerenciar conflitos e buscar soluções que atendam aos interesses de todas as partes envolvidas. Essas habilidades permitem que eles atuem como mediadores e facilitadores em processos de tomada de decisões complexos. A combinação de conhecimento técnico e político é essencial para a formulação e execução efetiva de políticas públicas.
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