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PRIMEIRO MICRO-ÔNIBUS AUTÔNOMO DA AMÉRICA LATINA É APRESENTADO A PÚBLICO NO RIO GRANDE DO SUL

O micro-ônibus foi testado no parque fabril da Marcopolo S.A, que conta com mais de sete mil colaboradores diariamente

micro-onibus

A autonomia de direção de veículos já é realidade e vem sendo empregada em diversos empreendimentos nos últimos anos, mesmo que apenas como um auxílio e não controle total. Um exemplo disso são os veículos produzidos pela empresa norte-americana Tesla Inc., que além de investir em veículos movidos a eletricidade vem aplicando a tecnologia de mobilidade autônoma em alguns de seus produtos e ganhando destaque no setor.

 

Apesar do avanço rápido deste tipo de inovação, ainda se limita muito ao âmbito do transporte individual e particular de passageiros, e foi pensando em mudar isso que a gaúcha Marcopolo, através da Marcopolo Next -responsável pela aceleração de projetos de inovação da empresa, em parceria com a Lume Robotics, idealizou o primeiro protótipo de micro-ônibus autônomo de toda a América Latina, tornando o transporte coletivo por meio de direção autônoma uma realidade cada vez mais próxima.

 

A primeira volta teste oficial, realizada em um ambiente operacional real com passageiros não ligados ao projeto, aconteceu no dia 14 de junho no parque fabril da empresa, em Caxias do Sul, com o modelo Volare Attack 8. O protótipo foi escolhido por tratar-se de um veículo já muito utilizado em operações de transporte interno de passageiros, principalmente dentro de empresas, principal foco do empreendimento atualmente.

Rânik Guidolini, diretor-executivo da Lume, conta que o projeto de transporte coletivo sempre foi um dos objetivos da empresa, que já atua com automação em veículos de carga. “Para atuar nessa área faria sentido uma parceria com a maior fabricante de ônibus da América Latina, que é a Marcopolo. Trazer a qualidade, a expertise e, principalmente, a confiança da marca para um projeto como esse é muito gratificante”.

 

Desde o encontro inicial, em uma feira de inovação aberta, às primeiras conversas até o desenvolvimento e teste do protótipo, foram dois anos de trabalho para que o projeto fosse apresentado para testes oficiais em dezembro de 2022. O primeiro foi realizado em ambiente universitário, dentro do campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde está situada a sede da startup. Após isso, o micro-ônibus também foi colocado a campo no parque fabril da siderúrgica parceira ArcelorMittal, na cidade de Tubarão, Espírito Santo. Por fim, o protótipo foi trazido no mês de junho à serra gaúcha para o teste, contando com passageiros não envolvidos no projeto, e com mais de mil quilômetros já rodados em ambiente controlado.

 

Estando no nível quatro de automação, estabelecido pela Sociedade de Engenheiros Automotivos (SAE, atinge o maior grau já alcançado mundialmente na escala e está apenas um nível abaixo do máximo proposto. O veículo opera sem a necessidade de intervenção ou monitoramento remoto. “Todo o hardware e software são embarcados diretamente no veículo e dispensa a necessidade de conexão com a internet, reforçando a segurança cibernética do protótipo já que as funções do seu funcionamento são feitas totalmente sem conexão on-line”, comenta João Paulo Ledur, diretor de Estratégia e transformação Digital da Marcopolo.

Equipamentos instalados no Volare Attack 8 que possibilitam a mobilidade autônoma

Para o funcionamento do Volare Attack 8 de forma autônoma, foram instaladas câmeras de vídeo, GPS e sensores do tipo LIDAR (Light Detection and Ranging – Detecção e Medição de Distância por Luz) responsáveis por mapear a realidade ao redor do veículo que, através da inteligência artificial, analisa dados como trajeto, tráfego e obstáculos em 20 cenários por segundo. O algoritmo desenvolvido para o projeto e instalado no veículo é responsável pelo controle da direção, aceleração, frenagem, nível de combustível além de monitorar e controlar a atividade no interior do veículo, verificando o uso do cinto de segurança e da capacidade do micro-ônibus, que conta com 21 lugares para passageiros.

 

João Paulo Ledur destaca que, por ainda se tratar de uma fase de estudos e testes, ainda existem ajustes a serem realizados em áreas como a experiência do usuário e sua percepção de segurança, conexão e interação do veículo com o ambiente externo, entre outras. “É importante ressaltar que a legislação brasileira não permite que veículos com direção autônoma circulem pelas ruas. Neste sentido, o protótipo é uma preparação para que, no futuro, possamos desenvolver um produto específico, mas sem data prevista”, destaca. Para o futuro, o objetivo é utilizar e comercializar o ônibus com esta tecnologia para ambientes de uso controlado, para transporte e fretamento de pedestres em parques fabris de grande extensão, portos e aeroportos.

 

A engenharia está em tudo

 

Graduado em Engenharia de Computação pela Ufes, Rânik Guidolini é filho de caminhoneiro e voltou seu interesse e conhecimento tecnológico para o desenvolvimento de veículos de cargas autônomos na Lume. O diretor executivo da startup aponta a importância e presença da engenharia em seus projetos: “a engenharia fundamental é a base para os projetos e para o micro-ônibus não foi diferente. É onde a gente tem toda a base de conhecimento para o desenvolvimento da solução, para a mecânica de todo o veículo, a elétrica e eletrônicas e claro, na computação na parte do software, que permite a direção autônoma efetiva do protótipo”

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Confira mais sobre o funcionamento e o teste do primeiro micro-ônibus autônomo no vídeo abaixo

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